Os sábios ensinam que ganha eleição quem erra menos porque todos erram. Não existe campanha imune a erros. Nem planos que dispensem um reajuste constante. De resto, o acaso costuma surpreender sem dar aviso prévio. Quem poderia contar com os efeitos da facada que Bolsonaro levou em Juiz de Fora?
Lula perdeu para Fernando Collor a eleição presidencial de 1989 graças ao seu péssimo desempenho no debate decisivo entre os dois no segundo turno. A TV Globo encarregou-se de bater o último prego no caixão de Lula com uma edição que favoreceu claramente Collor, candidato que apoiou sem disfarce.
Há dois meses, a direita celebrava as dificuldades enfrentadas por Lula para se reeleger no próximo ano. Muitos dos seus líderes apostavam que o candidato da esquerda poderia ser outro, e não ele. Por que Lula se arriscaria a fechar sua biografia com uma derrota diante de Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo?
Então veio o tarifaço de Trump sobre os produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos. E, mais do que isso, a exigência de suspensão imediata do julgamento de Bolsonaro e dos demais golpistas pelo Supremo Tribunal Federal. Era para ser um tiro no peito de Lula. Foi um tiro no peito da direita.
Ela não soube como se comportar com sabedoria. E continua sem saber. A carta de Trump enviada à Lula, que ontem completou um mês, deixou a direita zonza. Ao invés de repelir a intervenção de Trump em assuntos internos do Brasil, ela calou-se. Ao invés de afastar-se de Bolsonaro, estreitou seus laços com ele.
A direita está desorientada sem rumo e sem candidato uma vez que Tarcísio recolheu os flaps. Com uma reeleição quase certa, embora ainda tenha tempo para cometer novos erros, por que trocá-la por algo duvidoso? À direita, resta torcer para que a economia degringole e Lula erre bastante até lá.
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