Na avaliação dela, a unidade alcançou um novo patamar de qualidade de ensino. “Antes tinha muitas intrigas, os alunos não tinham compromisso. Agora, com regras e rotina, todo mundo segue certinho”, observa. Para ela, que teve medo da adesão ao modelo de educação, o cumprimento de normas não deve ser visto como algo negativo, mas como parte essencial da vida: “Em algum momento, todo mundo vai precisar de regras e rotina. Aprendi isso na escola e sei que vou levar para o futuro”.
Diferentemente dos colegas, Taylaine Melo, 15, deseja se tornar médica. “Meu sonho é fazer medicina e sei que a experiência aqui na escola vai me ajudar muito no vestibular”, conta. “Minhas notas eram bem baixas, mas este ano aumentaram bastante. Aqui era bem desorganizado. Agora tem horário certo para tudo, para entrar, sair…está bem melhor”.
“Meu filho já sofreu agressão psicológica na porta da escola e isso nunca mais aconteceu, agora ele vai e volta tranquilo”Cláudia da Silva, dona de casa
Mãe de dois estudantes, a dona de casa Claudia da Silva, 36, percebeu os benefícios do modelo no comportamento dos filhos. “Um dos meninos era terrível e agora deu uma acalmada. Eu tinha que vir aqui todo dia e hoje quase não venho mais. Mudou tanto em casa quanto na escola”, diz ela, que também observa o impacto positivo da gestão para a criminalidade da região. “Era bem complicado. Meu filho já sofreu agressão psicológica na porta da escola e isso nunca mais aconteceu, agora ele vai e volta tranquilo”.
Funcionamento
Do total de escolas cívico-militares, 17 contam com apoio do Corpo de Bombeiros Militar do DF e oito, com a Polícia Militar. As unidades estão nas regiões de Brazlândia, Ceilândia, Guará, Gama, Núcleo Bandeirante, Paranoá, Planaltina, Recanto das Emas, Samambaia, Santa Maria, Sobradinho, Taguatinga, Plano Piloto e Cruzeiro.
Três dessas escolas figuram entre os melhores desempenhos no Ideb da rede pública do DF: CEF 01 do Núcleo Bandeirante, CEF 19 de Taguatinga e CED 416 de Santa Maria.
O acompanhamento é feito pela Assessoria Especial para as Políticas para as Escolas Cívico Militares, vinculada à SEEDF, e pela Subsecretaria de Escolas de Gestão Compartilhada, da SSP-DF. De acordo com o planejamento governamental, o programa contemplará 40 instituições até o final de 2026. A seleção das novas unidades ainda está em fase de definição.
A atuação das forças de segurança se concentra em atividades extracurriculares de disciplina e cidadania, com presença de 20 a 25 agentes por escola. O custo médio de operação anual é de R$ 200 mil por unidade. Entre os projetos, há o Musicalização nas Escolas Cívico-Militares, em que os alunos aprendem a tocar um instrumento no contraturno escolar com apoio de músicos da reserva militar do Corpo de Bombeiros.