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Gel cicatrizante criado pela Unicamp ajudará pacientes com câncer

Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no interior de São Paulo, criaram a partir de uma planta nativa um gel inovador que acelera processos de cicatrização em lesões. O resultado é significativo principalmente para pacientes com câncer.

Desenvolvido ao longo de mais de 20 anos, o estudo multicêntrico é coordenado pela pesquisadora Mary Ann Foglio, professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF). Em fase de testes, a iniciativa já foi licenciada, mas ainda precisa de investimentos para ser produzida em larga escala e comercializada.

Mary Ann Foglio, pesquisadora da Unicamp que desenvolveu gel cicatrizante. A docente é britânica, mas cresceu e se formou no Brasil. Graduada em química, a pesquisadora tem doutorado em farmácia, especificamente no desenvolvimento de fitoterápicos e fitofármaco

 

Gel cicatrizante vem de planta nativa

Com nome científico de Fridericia chica L. e popularmente conhecida como “chica”, a matéria-prima do gel cicatrizante é uma planta encontrada em todo o Brasil. Por meio de extratos padronizados da folha avermelhada, os pesquisadores chegaram ao medicamento promissor.

Anteriormente, os cientistas tinham o conhecimento de que a planta, em forma de chá, é usada de forma caseira. “A gente tinha dados que a gente chama etnofarmacológicos. Com essa informação, já nos deu um gatilho para investigar isso”, explica Mary Ann Foglio.

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Pacientes com câncer

Na segunda fase do estudo clínico, os cientistas fizeram testes do gel em casos de câncer. “Pacientes oncológicos que são tratados com radioterapia e quimioterapia acabam com alguns efeitos colaterais e desenvolvendo essas feridas que são extremamente incômodas e são uma porta de entrada para infecções e comprometem muito a qualidade de vida desses indivíduos”, explica Foglio.

É importante encontrar maneiras de cicatrizar essas feridas para melhorar a qualidade de vida dessas pessoas, mas também evitar que cheguem a ter uma infecção, que possa interromper até o tratamento, levando a uma sepse e até à morte.

O tratamento da mucosite oral com o gel desenvolvido na Unicamp leva, em média, de dois a cinco dias. Já o tratamento convencional existente com laser pode durar até 15 dias, e também aumenta o risco de outras complicações de saúde.

“Uma das desvantagens do laser é que, necessariamente, esse indivíduo precisa ir até um profissional qualificado que possa fazer a aplicação, enquanto que o gel você orienta esse paciente e ele pode fazer uso inclusive em casa. Então, facilita muito o dia a dia desses indivíduos”, completa a pesquisadora.

Comercialização

Os pesquisadores têm bem estabelecidos todos os parâmetros necessários para a produção do gel cicatrizante. “A gente sabe quais são os componentes, quais são os marcadores, a melhor época do ano para coletar a planta, os processos para produzir”, detalha Foglio.

Atualmente, um dos grandes desafios para garantir a comercialização é aumentar a escala de produção para trabalhar em laboratórios amplos que atendam às normas da legislação. Assim, será possível viabilizar o registro perante a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

“Hoje, eu consigo produzir, processar de 5 a 10 quilos de planta. Se eu for colocar isso no mercado, eu preciso viabilizar isso em uma escala industrial. A gente precisa de financiamentos, pessoas interessadas, apoio financeiro para tudo isso”, alerta a idealizadora.



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