O repórter fotográfico francês Antoni Lallican, de 37 anos, foi morto na sexta-feira (4/10) em um ataque de drone na região de Donbass, no leste da Ucrânia. Ele trabalhava para grandes veículos da imprensa francesa e europeia, como os jornais Le Monde e Le Figaro.
O anúncio foi feito por um comunicado das federações Internacional e Europeia de Jornalismo e o Sindicato Nacional dos Jornalistas da França. As entidades “condenam este crime de guerra e pedem para as autoridades abrirem uma investigação para identificar os responsáveis”, segundo o texto.
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“Esta é a primeira vez que um jornalista é morto por um drone na Ucrânia”, enfatizaram. Lallican foi “vítima de um ataque de drone russo”, complementou o presidente francês, Emmanuel Macron, que expressou suas “sinceras condolências” à família e aos colegas do profissional.
“Nosso compatriota acompanhava o exército ucraniano na frente de resistência. Soube, com profunda tristeza, de sua morte”, escreveu o presidente francês no X, prestando também homenagem a “todos os seus colegas que, arriscando suas vidas, nos informam e testemunham a realidade da guerra”.
Notre compatriote, le photojournaliste Antoni Lallican, accompagnait l’armée ukrainienne sur le front de la résistance.
J’ai appris avec une profonde tristesse son décès, victime d’une attaque de drones russes.
J’adresse mes condoléances…
— Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) October 3, 2025
Um jornalista ucraniano, Georgiy Ivanchenko, ficou ferido no mesmo ataque, informaram as federações Europeia e Internacional de Jornalistas, acrescentando que o ataque ocorreu na manhã desta sexta-feira.
Fotógrafo estava identificado e usava proteções
A brigada com a qual os jornalistas estavam indicou que o grupo foi alvo “de um drone FPV inimigo”. Segundo a mesma fonte, “os dois jornalistas usavam equipamentos de proteção individual” e, em seus coletes, “havia marcas de identificação – a inscrição ‘imprensa’”.
Antoni Lallican trabalhou para diversos veículos de comunicação franceses (Le Monde, Le Figaro, Libération, Paris Match, entre outros) e estrangeiros (Der Spiegel, Die Welt, Le Temps). Desde 2028, ele também enviava o seu material para a agência de fotografia Hans Lucas, segundo seu presidente, Wilfrid Estève.
“Ele ia regularmente à Ucrânia, conhecia muito bem o terreno e sabia como trabalhar”, disse Estève à AFP, descrevendo-o como um colega “adorável e bondoso”.
Em janeiro, o francês havia sido recompensado com o prêmio Victor Hugo de fotografia, pelo trabalho “Subitamente, o céu escureceu”, sobre a guerra na Ucrânia.
Pelo menos 17 jornalistas já morreram na Ucrânia
O número de jornalistas mortos no conflito desde o início da guerra, em fevereiro de 2022, varia de acordo com a fonte. Segundo a UNESCO, 22 profissionais de imprensa morreram em serviço, enquanto as entidades internacionais evocam 17 mortos.
“Hoje, na Ucrânia, a principal ameaça que pesa sobre os jornalistas, assim como os civis, são os drones russos que perseguem as pessoas”, declarou Serguei Tomilenko, presidente da União Nacional dos Jornalistas da Ucrânia.
As federações Internacional e Europeia de Jornalismo ressaltam que o exército russo mira “deliberadamente” aqueles que tentam registrar crimes de guerra no país. “Antoni Lallacan assumiu esse riscos diversas vezes, documentando o que muitos preferem não ver”, afirma o comunicado. “Hoje, ele próprio faz parte desta história trágica.”
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