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PM apura suspeita de clonagem em cartões de câmeras corporais em SP

A Polícia Militar (PM) de São Paulo apura a suspeita de clonagem nos cartões utilizados para liberar as novas câmeras corporais da corporação, da empresa Motorola Solutions. Como revelado pelo Metrópoles, um soldado do litoral sul do estado está oferecendo o serviço no WhatsApp. Por R$ 20, ele promete copiar o chip do cartão e colocá-lo em uma tag eletrônica genérica.

Questionada pela reportagem, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) disse que a credencial, do tipo RFID, não concede acesso ao sistema das câmeras, e é usada exclusivamente para identificar os policiais.

Segundo o PM que está vendendo a clonagem, a ideia seria evitar que os policiais perdessem as credenciais, usadas todos os dias no início do turno, para liberar a câmera que será usada, e no final, para devolver o equipamento e subir as imagens no sistema.

3 imagensTerminal de armazenamento das câmeras da Motorola SolutionsTerminal de armazenamento das câmeras da Motorola SolutionsFechar modal.1 de 3

Tag genérica dando acesso a sistema

Reprodução2 de 3

Terminal de armazenamento das câmeras da Motorola Solutions

Arquivo pessoal3 de 3

Terminal de armazenamento das câmeras da Motorola Solutions

Arquivo pessoal

No entanto, especialistas ouvidos pelo Metrópoles, alertam que a possibilidade de cópia do chip abre margem para que PMs utilizem as tags genéricas para liberar câmeras em nomes de outras pessoas. Desse modo, quando elas subissem no sistema, não seriam encontradas.

Sobre isso, a SSP disse que a identificação dos cartões RFDI estaria integrada à escala de serviço e que isso permitiria a “rastreabilidade do uso dos equipamentos e a individualização das condutas dos policiais em casos de eventual descumprimento dos Procedimentos Operacionais Padrão (POP)”.

“A Polícia Militar apura a denúncia sobre a suposta duplicação de cartões RFID, utilizados exclusivamente para identificar os policiais no momento de acoplamento das Câmeras Operacionais Portáteis (COPs) à farda. Esse dispositivo, ao contrário do que sugere a reportagem, não concede acesso ao sistema das câmeras, tampouco permite qualquer tipo de alteração, comando ou ação operacional sobre o sistema das câmeras”, diz a SSP.

“Sem novidades”

O soldado que oferece as tags clonadas conversou por telefone com o Metrópoles, que se passou por pessoa interessada no produto. Ele disse já ter feito cópia para pelo menos 60 policiais.

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“Aqui eu fiz para o batalhão inteiro, para o pessoal das companhias”, afirma o soldado à reportagem, que se passou por pessoa interessada em contratar o serviço. “Não tem o que dar ruim. É bem ‘rapidão’ de fazer, leva menos de um minuto. Eu só copio as informações do cartão e colo na tag, aquela de chaveirinho. Ele vai ler os dados certinho, vai selecionar a câmera. Padrão, como se fosse o cartão encostando”.

“Eu tenho uma máquina, ela lê o sinal RFID, eu consigo copiar o sinal e colar na tag. É uma maquininha, um aparelho eletrônico. Você empresta seu cartão para mim, eu copio a informação, devolvo seu cartão”, acrescenta.

Sistema fraudável

De acordo com a advogada Juliana Maia, um sistema em que é possível clonar os cartões utilizados para acessar as câmeras corporais permite, por exemplo, que um policial use uma tag eletrônica com dados de outra pessoa para liberar a câmera que irá usar em uma ocorrência. Com isso, as gravações não ficariam registradas em seu nome e seria impossível encontrá-las.

“Quando eu consigo alterar a autoria do policial que efetivamente estava naquele momento e gravou aquelas imagens, eu corro risco seríssimo de não encontrar mais as imagens no sistema. Porque eu posso pegar um outro policial, de um outro batalhão, com um outro horário de serviço, e, quando eu vincular aquelas imagens a ele, eu posso perder essas imagens dentro do sistema”, afirma Juliana Maia.

“Se eu não tenho a possibilidade de garantir a integridade, a autenticidade das informações desde o início, eu tenho uma fragilidade e a quebra da cadeia de custódia. Eu não consigo ver a gente fazendo essa vinculação do policial e da câmera sem um método robusto que permita que haja uma assinatura digital, vinculada aos certificados ICP Brasil”, afirma a Juliana Maia.

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